“Que monstro vai sair do ventre dessa menina?” Essa frase abjeta, tendo sido concebida em algum canto do cérebro, saiu da boca de Lula, enquanto ele falava, na última terça-feira, sobre aborto em casos de estupro. Não se trata apenas de asneira, mas de retórica violenta e perigosa, visto que, ao chamar bebês inocentes de “monstros”, Lula os desumaniza completamente, e sugere que não há grave mal em matá-los.
No que diz respeito ao problema do aborto, a linguagem desumanizadora é nefasta, pois é o prelúdio de crimes contra a vida humana, que deveria ser sempre protegida, desde a concepção.
Durante as eleições presidenciais de 2022, Lula se apresentou como um candidato a favor da vida, depois de, meses antes, ter defendido o aborto: “deveria ser transformado numa questão de saúde pública e todo mundo ter direito e não ter vergonha”.
Não se conhece um candidato apenas pelo que ele diz durante as eleições. É preciso considerar o que diz em outros momentos, quando fala para grupos alinhados ideologicamente, cujas causas pretende, de alguma maneira, fazer avançar.
Nilton Ribeiro, 19 de junho de 2024.